TOC na Infância? Entenda o transtorno e saiba quando procurar ajuda.

TOC na Infância?

Conheça os sinais e saiba se precisar procurar ajuda.

      

BRINQUEDOS TERAPÊUTICOS  18 de fevereiro de 2018


Facilmente confundido com manias,  rituais ou "o jeitinho da pessoa", o transtorno obsessivo - compulsivo é uma doença que pode sim estar presente em crianças pequenas e que necessita ser avaliado e tratado ainda na infância. 

No entanto, estudos indicam que o TOC leva em média 23 anos para ser diagnosticado. Isso mesmo, 23 anos!




Sabe o que isso significa?  

Que a busca por tratamento é adiada até que as demandas do ambiente superem as capacidades de resposta da pessoa e a vida fique insuportável/ impossível com as "manias". 

Outro agravante é que as manias e rituais podem ser muito bem vistas socialmente e ai já viu né?

Significa também que esse tipo de transtorno (e muitos outros como depressão, ansiedade etc) são negados na infância e adolescência.

Muitos pais tem a tendência a acreditar que o desenvolvimento  dará conta de resolver questões emocionais por si só, alegando que a imaturidade ou a superproteção e mimos são responsáveis pelos sinais e sintomas apresentados pela criança.

Nos resta o seguinte contexto: 

Quem vai ser levado para avaliação por querer arrumar seu brinquedos e quarto perfeitamente, por refazer a lição várias e várias vezes até que saia uma letra perfeita, por rasgar desenhos e gastar inúmeras folhas para conseguir gostar de um desenho,  por não conseguir deixar de lavar as mãos várias vezes no dia (afinal isso é higiênico), passar álcool gel (em tempos de H1N1 por ex), por não gostar de encostar com a roupa que sentou fora de casa em camas, sofás e etc entre várias outras possibilidades.



Certamente todos já conheceram alguma criança ou adolescente assim. 

Mas os adjetivos ai seriam: Perfeccionista, crítico, exigente, organizado, obediente etc.



Mas como diferenciar ? 

QUANDO PROCURAR AJUDA?


SINAIS E SINTOMAS DO TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA. 


Segundo o DSM- 5, o transtorno se caracteriza pelos seguintes sintomas:

A. Presença de obsessões, compulsões ou ambas:

Obsessões são definidas por (1) e (2):

1. Pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que, em algum momento durante a perturbação, são experimentados como intrusivos e indesejados e que, na maioria dos indivíduos, causam acentuada ansiedade ou sofrimento.

2. O indivíduo tenta ignorar ou suprimir tais pensamentos, impulsos ou imagens ou neutralizá-los com algum outro pensamento ou ação. 

As compulsões são definidas por (1) e (2):

1. Comportamentos repetitivos (p. ex., lavar as mãos, organizar, verificar) ou atos mentais (p. ex.,orar, contar ou repetir palavras em silêncio) que o indivíduo se sente compelido a executar em resposta a uma obsessão ou de acordo com regras que devem ser rigidamente aplicadas.

2. Os comportamentos ou os atos mentais visam prevenir ou reduzir a ansiedade ou o sofrimento ou evitar algum evento ou situação temida; entretanto, esses comportamentos ou atos mentais não têm uma conexão realista com o que visam neutralizar ou evitar ou são claramente excessivos.

Nota: Crianças pequenas podem não ser capazes de enunciar os objetivos desses comportamentos ou atos mentais.

B. As obsessões ou compulsões tomam tempo (p. ex., tomam mais de uma hora por dia) ou causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.

C. Os sintomas obsessivo-compulsivos não se devem aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica.

D. A perturbação não é mais bem explicada pelos sintomas de outro transtorno mental (p. ex., preocupações excessivas, como no transtorno de ansiedade generalizada; preocupação com a aparência, como no transtorno dismórfico corporal; dificuldade de descartar ou se desfazer de pertences, como no transtorno de acumulação; arrancar os cabelos, como na tricotilomania [transtorno de arrancar o cabelo]; beliscar a pele, como no transtorno de escoriação [skin-picking]; estereotipias, como no transtorno de movimento estereotipado; comportamento alimentar ritualizado, como nos transtornos alimentares; preocupação com substâncias ou jogo, como nos transtornos relacionados a substâncias e transtornos aditivos; preocupação com ter uma doença, como no transtorno de ansiedade de doença; impulsos ou fantasias sexuais, como nos transtornos parafílicos; impulsos, como nos transtornos disruptivos, do controle de impulsos e da conduta; ruminações de culpa, como no transtorno depressivo maior; inserção de pensamento ou preocupações delirantes, como nos transtornos do espectro da esquizofrenia e outros transtornos psicóticos; ou padrões repetitivos de comportamento, como no transtorno do espectro autista). 

Características Diagnósticas

O sintoma característico do TOC é a presença de obsessões e compulsões

(Critério A) Obsessões e ou Compulsões

Obsessões são pensamentos repetitivos e persistentes (p. ex., de contaminação), imagens (p. ex., de cenas violentas ou horrorizantes) ou impulsos (p. ex., apunhalar alguém). É importante observar que as obsessões não são prazerosas ou experimentadas como voluntárias: são intrusivas e indesejadas e causam acentuado sofrimento ou ansiedade na maioria das pessoas. O indivíduo tenta ignorá- las ou suprimi-las (p. ex., evitando os desencadeantes ou usando a supressão do pensamento) ou neutralizá-las com outro pensamento ou ação (p. ex., executando uma compulsão). 

Compulsões (ou rituais) são comportamentos repetitivos (p. ex., lavar, verificar) ou atos mentais (p. ex., contar, repetir palavras em silêncio) que o indivíduo se sente compelido a executar em resposta a uma obsessão ou de acordo com regras que devem ser aplicadas rigidamente. A maioria das pessoas com TOC tem obsessões e compulsões. As compulsões são geralmente executadas em resposta a uma obsessão (p. ex., pensamentos de contaminação levando a rituais de lavagem ou pensamentos de que alguma coisa está incorreta levando à repetição de rituais até parecer “direita” [just right)].
objetivo é reduzir o sofrimento desencadeado pelas obsessões ou evitar um evento temido (p. ex.,ficar doente). Contudo, essas compulsões não estão conectadas de forma realista ao evento temido (p. ex., organizar itens simetricamente para evitar danos a uma pessoa amada) ou são claramente excessivas (p. ex., tomar banho durante horas todos os dias). As compulsões não são executadas por prazer, embora alguns indivíduos experimentem alívio da ansiedade ou sofrimento. 

O Critério B enfatiza que as obsessões e compulsões devem tomar tempo (p. ex., mais de uma hora por dia) ou causar sofrimento ou prejuízo clinicamente significativos para justificar um diagnóstico de TOC. Esse critério ajuda a distinguir o transtorno dos pensamentos intrusivos ocasionais ou comportamentos repetitivos que são comuns na população em geral (p. ex., verificar duas vezes se a porta está trancada). A frequência e a gravidade das obsessões e compulsões variam entre os indivíduos com TOC (p. ex., alguns têm sintomas leves a moderados, passando 1 a 3 horas por dia com obsessões ou executando compulsões, enquanto outros têm pensamentos intrusivos ou compulsões quase constantes que podem ser incapacitantes).


TRATAMENTO

O tratamento comumente recomendado alia medicamentos e terapia cognitiva comportamental.

 - Inibidores da recaptação de serotonina e inibidores seletivos da recaptação de serotonina.  

Acredita-se que os medicamentos regularizem as possíveis disfunções neuroquímicas cerebrais reduzindo os sintomas obsessivos - compulsivos. 

TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL NO TOC


Existem várias teorias para explicar o TOC,  mas suas causas ainda são foram totalmente explicadas.


A Teoria Cognitiva Comportamental enfatiza que o que caracteriza o transtorno obsessivo compulsivo é o sentido que as pessoas dão para os eventos.


Assim, claro que é melhor eu lavar as mãos antes das refeições....mas e se isso não acontecer ou se não for possível que eu faça isso algum dia?  Ainda assim eu vou comer? O que isso significa para mim? Quanto tempo me dedicarei pensando nisso? Que tipo de pensamentos vem a minha cabeça antes, durante e depois.


Obsessões são pensamentos repetitivos e persistentes, imagens ou impulsos experimentados como indesejadas, intrusivas e não causam prazer. Ao contrário costumam trazer sofrimento e ansiedade levando a pessoa a tentar suprimi-las (Evitando os desencadeantes, suprimindo o pensamento ou neutralizando com outro pensamento ou ação).
As obsessões podem ter diversas temáticas: contaminação, imagens de cenas violentas ou impulsos (homicídio, ferir) etc.

Compulsões são comportamentos repetitivos ou atos mentais que a pessoa se sente obrigada a realizar em resposta a uma obsessão ou de regras estabelecidas rigidamente.  Apesar de não ser executadas por prazer, algumas pessoas experimentam alívio ao executar. Por conta desse alívio as pessoas tendem a continuar a executar as compulsões.
Exemplos de compulsões: lavar, verificar
Exemplos de atos mentais: contar, repetir palavras.
O objetivo da realização da compulsão é reduzir o sofrimento desencadeado pelas obsessões ou evitar o evento temido.
A maioria das pessoas com TOC tem obsessões e compulsões e as compulsões em geral são executas em resposta a uma obsessão, mas há casos que não há nenhuma conexão com obsessões e a pessoa parece tentar evitar um evento temido ( por ex. ficar doente)
Um característica importante das compulsões é que elas em geral não estão conectadas de forma realista ao evento temido ou a obsessão ( ex.: organizar itens simetricamente evitando danos físicos a pessoa amada) ou são muito excessivas (ex.: lavar as mãos dando 35 enxaguadas ou passando o sabonete 12 vezes por lavagem)

Consequências Comportamentais das Obsessões

- Comportamentos compulsivos ou atos mentais compulsivos;
- Neutralização: tentativa de afastar ou suprimir os pensamentos substituindo os pensamentos ruins, ruminação mental, argumentação mental, tentativa de obter garantias etc.
- Hipervigilância

- Indecisão


Técnicas utilizadas na clínica

A TCC tem demonstrado efetiva quando o paciente tem um bom insight sobre o transtorno. As técnicas utilizadas são:

- Exercícios de Exposição e Prevenção de Respostas (EPR)
- Técnicas Cognitvas


Sobre o uso ou não de medicamentos

A Tcc pode ser utilizada como única escolha terapêutica quando os sintomas não são demasiadamente graves ou incapacitantes. Essa avaliação deve ser feita por equipe especializada composta por psicóloga e médico psiquiatra. 


Psicóloga Roberta Alexandre Penitente CRP 06/73227 especialista em psicologia clínica, especialista em psicopedagogia clínica e Institucional, pós-graduação em Educação com ênfase em Ensino Estruturado de Autistas e Pós- graduação em TCC. Diretora do Instituto de Psicologia Vila Guilherme desde 2004 e responsável técnica pela Brinquedos Terapêuticos.

Comentários

Postagens mais visitadas