Avaliação da Cognição Social no Autismo
Avaliação da Cognição Social (CS) no Autismo
Cognição Social refere-se aos processos mentais necessários para às interações sociais. É preciso perceber , interpretar e gerar respostas nas interações humanas.
Os processos mentais necessários são:
1) É necessário perceber, compreender e gerenciar as emoções através das expressões faciais e não faciais (reconhecimento de emoções)
2) Decodificar as dicas sociais e como isso modula o comportamento das pessoas ( percepção social);
3) Tomar ciência do estado mental do outro (Teoria da Mente) e compreender intenções e crenças dos outros. Entendendo que o outro possuí um sistema de crenças que difere do nosso.
4) Há ainda as atribuições que nós realizamos sobre os acontecimentos e comportamentos dos outros.
No Transtorno do Espectro Autista além das dificuldades na comunicação social, comportamentos repetitivos e estereotipados há dificuldades em diferentes níveis em habilidades cognitivas, entre elas a cognição social.
É importante destacar que os prejuízos da CS não estão relacionados à deficiência intelectual.
Há na literatura algumas tarefas para a avaliação da CS que possibilitam avaliar o nível de dificuldade da criança.
Abaixo segue algumas ferramentas resumidas mais utilizadas:
Tarefa Desejo diverso: tarefas que avaliam a capacidade da criança compreender o desejo do outro.
95% das crianças pré-escolares de 3 a 6 anos acertam esse tipo de tarefa.
Exemplo: Apresenta-se à criança um boneco
que representa um adulto e uma folha de papel com os desenhos de uma cenoura e
uma bolacha.
"Aqui
está o Sr. Jones. Está na hora do lanche, então o Sr. Jones quer comer alguma coisa.
Aqui estão dois lanches diferentes: uma cenoura e uma bolacha. Qual lanche você
ia preferir? Você ia gostar mais de uma cenoura ou de uma bolacha? (pergunta
sobre o próprio desejo) Se a criança escolhe a cenoura: Bem, é uma ótima
escolha, mas o Sr. Jones gosta muito de bolacha. Ele não gosta de cenoura. O
que ele mais gosta é bolacha. (ou se a criança escolhe a bolacha, diz-se a ela
que o Sr. Jones gosta de cenouras). Então, agora está na hora de comer. O Sr.
Jones só pode escolher um lanchinho, só um. Qual lanche o Sr. Jones vai
escolher? Uma cenoura ou uma bolacha? " (pergunta-alvo)
AVALIAÇÃO:
Para
ser pontuada como correta, ou para ter sucesso nessa tarefa, a criança deve
responder na questão-alvo o oposto do que respondeu na questão sobre o próprio
desejo.
Tarefa Crença Diversa: Tarefa organizada de forma que a criança perceba que o outro tem uma crença sobre algo diferente de sua própria crença.
Tarefa Acesso ao conhecimento: Tarefa organizada verificar a capacidade da criança em indicar que o outro não pode saber de algo pois não teve acesso ao mesmo conhecimento.
Tarefa de crença falsa: Tarefa de conteúdo inesperado. 59% das crianças pré-escolares acertam esse tipo de tarefa.
Tarefa Crença Falsa Explícita: Tarefa de conteúdo inesperado. 59% das crianças pré-escolares acertam esse tipo de tarefa.
Exemplo: "A
criança vê um menininho de brinquedo e uma folha de papel contendo os desenhos
de uma mochila e um armário. Aqui está o
Scott. O Scott quer encontrar as luvas dele (ou canetinhas, etc.). As luvas
dele podem estar na mochila ou podem estar no armário. De verdade, as luvas do
Scott estão na mochila. Mas, o Scott pensa que as luvas dele estão no armário.
Então, onde o Scott vai procurar as luvas dele? Na mochila ou no armário?
(questão-alvo) Onde as luvas de Scott estão de verdade? Na mochila ou no armário
(questão de realidade)".
AVALIAÇÃO:
Para
estar correta a criança deve responder ―armário à questão de crença falsa e mochila à questão de realidade.
Tarefa Crença Emoção: Em crianças de 3 a 6 anos índice de acerto de 52%. Além de perceber que a crença é falsa, deve identificar como o outro se sente baseado nessa crença que não é verdadeira.
Tarefa Emoção Real x Emoção Aparente: Em crianças de 3 a 6 anos índice de acerto de 32%. A mais difícil das tarefas de cognição social.
INTERVENÇÕES
Ao verificar prejuízos em Teoria da Mente em crianças típicas ou TEA podem ser realizadas intervenções que promovam e estimulem discursos e interações usando verbos ligados a estados mentais (sentir, achar etc), utilizar histórias narrativas que incluam termos referentes a estados mentais, estimular expressões de sentimentos, utilizar imagens para identificação e expressão de sentimentos e empatia. Usar acontecimentos diários para atribuir estados mentais também pode auxiliar os treinos.
Roberta Alexandre Penitente CRP 06/73227
Diretora do Instituto de Psicologia Vila Guilherme
Psicóloga especialista em Psicologia Clínica
Especialista em Psicopedagoga
Especialista em Psicopedagoga
Pós-graduação em Terapia Cognitivo – Comportamental de crianças e adolescentes
Pós-Graduação em Educação - Ensino Estruturado de Autistas
Pós-graduanda em Intervenções Precoces no Autismo
Pós-Graduanda em Intervenção ABA no Autismo e Deficiência Intelectual
Pós-Graduação em Educação - Ensino Estruturado de Autistas
Pós-graduanda em Intervenções Precoces no Autismo
Pós-Graduanda em Intervenção ABA no Autismo e Deficiência Intelectual
contato@institutodepsicovg.com.br
www.institutodepsicovg.com.br
Referências
Autismo: Avaliação psicológica e Neuropsicológica. Cleonice Alves Bosa e Maria Cristina T.V. Teixeira. Hogrefe, 2017
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